14 de outubro de 2025 - 18:04
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No coração de Londres, a Abadia de Westminster carrega séculos de História

A Abadia de Westminster, localizada no coração de Londres, na Inglaterra, é um dos monumentos mais emblemáticos do país e conhecida mundialmente por ser palco de celebrações da realeza britânica há séculos. Oficialmente chamada Igreja do Colegiado de São Pedro em Westminster, a Abadia é considerada a mais importante de Londres e uma das mais relevantes de toda a Inglaterra. É reconhecida especialmente por sediar as coroações dos monarcas do Reino Unido, bem como funerais e casamentos reais. Entre 1546 e 1556, a Abadia recebeu o status de Catedral e, atualmente, é classificada como “Royal Peculiar”, ou seja, um local de culto que está sob a jurisdição direta do monarca britânico, em vez de pertencer a uma diocese. Este conceito remonta ao período anglo-saxão, quando igrejas podiam se vincular diretamente à Coroa, escapando do controle episcopal local, e mais tarde refletiu as relações entre os Normandos, os Plantagenetas e a Igreja.

O primeiro espaço de culto no local onde hoje se ergue a Abadia de Westminster data do ano 616, quando um pescador do Rio Tâmisa teria tido uma visão de São Pedro. Na década de 970, São Dunstan de Cantuária fundou uma comunidade de monges beneditinos no local, garantindo a presença religiosa que perdura até os dias atuais. No entanto, foi apenas entre 1045 e 1050 que o Rei Eduardo, o Confessor, construiu a abadia em pedra, que viria a abrigar seu túmulo e se tornaria símbolo da monarquia inglesa. O templo foi consagrado em 28 de dezembro de 1065, um ano antes da morte de Eduardo, e desde então passou a ser central nos acontecimentos históricos do país.

Durante o reinado de Henrique III, a Abadia foi ampliada e reformulada em estilo gótico anglo-francês, com obras que se estenderam até o período de Ricardo II. Em 1503, Henrique VII acrescentou a famosa Capela da Abençoada Virgem Maria, que é considerada uma das joias arquitetônicas do edifício. Entre 1534 e 1541, durante o reinado de Henrique VIII, a Igreja da Inglaterra se separou da Igreja Católica por meio do Ato de Supremacia, e a Supressão dos Mosteiros confiscou propriedades religiosas em Inglaterra, País de Gales e Irlanda. Na época, a Abadia de Westminster era a segunda mais rica do país, perdendo apenas para a Abadia de Glastonbury, o que reforça sua importância econômica, religiosa e cultural na Inglaterra daquele período.

No reinado da católica Maria I, os monges beneditinos retomaram a Abadia, mas foram novamente expulsos durante o governo de Elizabeth I, que transformou o local no Colegiado de São Pedro, subordinado à Coroa e não ao Bispado. As duas torres atuais da Abadia foram construídas entre 1722 e 1745, seguindo projeto de Nicholas Hawksmoor, e se tornaram ícones da silhueta londrina. Até o século XIX, a Abadia era o terceiro centro de ensino superior da Inglaterra, atrás apenas de Oxford e Cambridge, e também foi palco da tradução de partes da Bíblia do Rei James, um marco histórico da literatura religiosa.

Ao longo da história, a Abadia de Westminster desempenhou papel central nos eventos mais importantes da monarquia britânica, incluindo coroações, casamentos e funerais reais. Além disso, é o local de sepultamento de monarcas e de grandes personalidades da ciência, da literatura e das artes, como Sir Isaac Newton, considerado um dos maiores físicos da história, e Charles Darwin, autor da Teoria da Seleção Natural. Desde a coroação de Haroldo II, quase todos os monarcas britânicos foram consagrados na Abadia, exceto Eduardo V e Eduardo VIII. Normalmente, a cerimônia é conduzida pelo Arcebispo da Cantuária, com o monarca sentado no Trono de Eduardo, o Confessor, instalado na abadia desde 1296. Monarcas escoceses, porém, eram tradicionalmente coroados na Pedra de Scone, preservando rituais distintos entre as nações do Reino Unido.

A Abadia mantém instituições educacionais de prestígio, como a Westminster School e a Westminster Abbey Choir School. A tradição educacional remonta ao período beneditino, quando o Papa determinou que os monges mantivessem uma escola de caridade em 1779. Até hoje, os alunos da Westminster School utilizam a abadia para concertos, apresentações e atividades escolares, e é possível ver no chão algumas marcas deixadas por bolas utilizadas pelos estudantes ao longo dos séculos, testemunhando a continuidade da tradição.

O campanário da Abadia passou por renovação em 1971 e atualmente abriga 10 sinos fundidos pela Whitechapel Bell Foundry, além de dois sinos de serviço fabricados por Robert Mot em 1585 e 1598. Cada toque de sino ecoa a história secular do edifício e marca eventos de grande relevância para a cidade e o país. A Abadia de Westminster segue a tradição religiosa anglicana e continua a ser um símbolo vivo da história britânica, combinando arquitetura gótica, patrimônio cultural e relevância espiritual.

Visitar a Abadia de Westminster é mergulhar na história da Inglaterra e da monarquia, contemplar túmulos de figuras célebres, conhecer detalhes de sua arquitetura impressionante e, para os mais sortudos, até testemunhar eventos reais. Com suas torres imponentes, vitrais magníficos e riqueza histórica, a Abadia permanece como um dos destinos mais fascinantes de Londres, oferecendo aos visitantes uma experiência única que une cultura, história e espiritualidade em um só lugar.

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