Na sessão da Câmara de Araruama desta terça-feira (19), a vereadora Sylvinha Corrêa requereu uma Moção de Repúdio ao prefeito de Barra do Piraí, Mário Esteves. O político foi destaque na última semana em diversos veículos de mídia e nas redes sociais devido a uma fala misógina que causou espanto e revolta.
Durante cerimônia de inauguração de uma estrada na última quinta-feira (14), Esteves comentou que as meninas barrenses deveriam ser castradas para controlar o número de crianças na cidade. “O que não falta em Barra do Piraí é criança. Cadê o Dione (secretário de Saúde)? Tem que começar a castrar essas meninas. Controlar essa população. É muito filho, cara”, afirma.
O pronunciamento polêmico e absurdo continua, com o prefeito dizendo que deveria ser feita uma lei na Câmara Municipal para limitar a quantidade de filhos por mulher.
Após a repercussão negativa do caso, Mário Esteves foi às redes sociais se desculpar pela colocação, afirmando ter sido “um momento de descontração”. Disse ainda ter havido um equívoco na troca do termo técnico “laqueadura” por “castrar” e que não teve “intenção de ofender quaisquer parcelas da população, muito menos mulheres”.
No domingo (17), o partido Solidariedade comunicou a expulsão de Mário Esteves, em decisão unânime.
Ao contrário do que seria esperado em um caso de tamanha repercussão midiática, que desrespeita e fere abertamente a liberdade de escolha das mulheres, a Moção apresentada por Sylvinha Corrêa não recebeu todo o apoio previsto. Seis vereadores da Casa votaram contra a Moção, apresentando justificativas comparáveis à do prefeito em falta de sensibilidade e bom-senso.
O vereador Walmir de Oliveira, mais conhecido como Amigo Walmir, declarou que é vereador de Araruama e, como não tem relação com Barra do Piraí, preferiu votar contra. Também optou por defender Mário Esteves, afirmando que ele foi às redes sociais se desculpar pelo pronunciamento.
Já o vereador Júlio César foi além. Não bastando ter saído em defesa do prefeito, também achou por bem tentar justificar a fala do político. “Ele foi às redes sociais e pediu desculpas, até por uma colocação mal-feita. Às vezes ele quis dizer (aquilo) pelas mulheres estarem tendo muito filho, essas coisas assim. Então usou uma palavra inadequada no momento e teve a humildade de ir nas redes sociais pedir desculpa”, disse o vereador.
Arídio Martins, Rodolfo Buda, Diego de Ciraldo e Carlinhos de Deus também votaram contra a Moção.
Já a lista de vereadores a favor da proposta apresentada pela vereadora foi composta por: Sylvinha Corrêa, Thiago Pinheiro, Thiago Moura, Eloi Ramalho, Armando Polatti e Oliveira da Guarda. Devido ao empate, o presidente da Câmara, Nelson Luiz Siqueira Barbosa (Nelsinho do Som) definiu a votação, aprovando a Moção de Repúdio.
Nesta segunda-feira (18), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu um inquérito para apurar a fala do político. O inquérito investiga os possíveis excessos do discurso e uma eventual responsabilidade no âmbito da improbidade administrativa.


