15 de outubro de 2025 - 20:07
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Saúde: o estresse pode estar prejudicando o seu emagrecimento

Altos níveis de cortisol, provocados por dietas restritivas e ansiedade constante, podem sabotar a perda de peso e até causar ganho de gordura abdominal.

Mesmo seguindo uma dieta rigorosa e abrindo mão de diversos alimentos, muitas pessoas não conseguem ver resultados satisfatórios na balança. E, ao contrário do que se imagina, a causa nem sempre está no que se come, mas sim no impacto que o processo de emagrecimento exerce sobre o corpo — especialmente no aumento dos níveis de estresse.

Segundo o Dr. Shawn Talbott, especialista internacional em Nutrição e Fisiologia e autor do livro “Nação Cortisol”, publicado pela Citadel Editora, o excesso de cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”, pode atrapalhar — e muito — a perda de peso. Em alguns casos, ele pode até promover o ganho de gordura, mesmo diante de dietas restritivas.

Para o especialista, fazer dieta não deve ser uma forma de punição. Quando o plano alimentar leva à ansiedade, fome constante, cansaço extremo e mais tensão do que bem-estar, o corpo passa a reagir de forma contrária ao esperado. Em dietas muito restritivas, com ingestão calórica abaixo de 800 calorias por dia, por exemplo, o organismo entra em estado de alerta, interpretando a restrição como ameaça. Esse gatilho ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, elevando a produção de cortisol. O problema é que o cortisol, além de estimular o apetite — especialmente por alimentos calóricos, ricos em açúcar e gordura —, também reduz a queima calórica, desacelerando o metabolismo.

Outro ponto importante é que o estresse provocado pela própria dieta já é suficiente para desregular os sinais do corpo. Estudos apontam que o simples fato de estar constantemente preocupado com o que se come e com a forma física já é uma fonte de tensão crônica. O aumento persistente dos níveis de cortisol provocado por esse estresse psicológico leva à compulsão alimentar e à perda da sensação de saciedade, criando um ciclo difícil de quebrar.

Além de dificultar a perda de peso, o cortisol elevado está diretamente relacionado ao acúmulo de gordura abdominal. Isso ocorre porque o hormônio envia sinais ao organismo para estocar energia, principalmente na região da barriga, como uma forma de proteção diante de um possível estado de privação. Paralelamente, há uma queda na produção de hormônios importantes para a formação de massa muscular, como a testosterona, o DHEA e o hormônio do crescimento. Isso significa que, além de ganhar gordura, o corpo passa a perder tônus muscular, o que prejudica ainda mais o metabolismo.

Mesmo pessoas que se exercitam com frequência e mantêm uma alimentação controlada podem ser afetadas por esse quadro. Estudos recentes demonstram que mulheres sob efeito de estresse consomem mais calorias, relatam maior fome e têm mais dificuldade para emagrecer do que em períodos de estabilidade emocional, ainda que mantenham os mesmos hábitos alimentares.

Diante desse cenário, especialistas alertam que a chave para um emagrecimento saudável pode não estar apenas na redução de calorias, mas no equilíbrio hormonal e emocional. O próprio Dr. Talbott defende que uma abordagem mais completa é fundamental — combinando alimentação nutritiva, sono de qualidade, prática regular de atividade física e técnicas de controle do estresse, como meditação, respiração consciente e momentos de lazer.

Dados de estudos recentes apontam que, ao reduzir em apenas 13% os níveis de cortisol, uma pessoa pode perder mais de 5 quilos, sem mudanças radicais na alimentação. Isso reforça a importância de cuidar não apenas do que vai ao prato, mas também da saúde mental. Afinal, quando a mente está sobrecarregada, o corpo responde em forma de resistência — inclusive na hora de emagrecer.

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