Criaturas fantásticas, dilemas familiares e um forte toque de brasilidade marcam a chegada de “Vermelho Sangue”, nova série original do Globoplay, que estreia no dia 2 de outubro. Dividida em dez episódios, a primeira temporada terá seis capítulos liberados já no lançamento e os quatro finais no dia 9, formando uma trama que une romance, mistério, fantasia e terror em uma narrativa profundamente brasileira.
A história se passa em Guarambá, cidade fictícia encravada no Cerrado Mineiro, cercada por paisagens inspiradas na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Nesse cenário, os espectadores conhecem Luna (Leticia Vieira), uma jovem que carrega um segredo incontrolável: a cada lua cheia, transforma-se em loba-guará. O peso dessa condição, herdada do pai desaparecido quando ela ainda era bebê, marca sua vida de maneira irreversível. Ao seu lado está a mãe, Carol (Heloísa Jorge), uma cientista determinada que, movida pela superproteção, dedica-se à busca de uma “cura” para a filha, transformando o conflito entre mãe e filha em um dos pontos mais intensos da narrativa. “O grande conflito entre mãe e filha começa quando a Carol não a aceita do jeito que ela é”, afirma Heloísa Jorge.
Para Leticia Vieira, Luna é uma personagem corajosa e cheia de contradições, que tenta lidar com sua fera interior ao mesmo tempo em que deseja uma vida comum. “Ela tem fome de aventura, mas enfrenta a superproteção da mãe e o medo de ser rejeitada pelo mundo”, explica a atriz. Nesse contexto, a jovem encontra em Flora (Alanis Guillen) uma espécie de espelho. Enquanto Luna se angustia com a transformação que não pediu, Flora se frustra justamente pela ausência de algo extraordinário em sua vida. Conhecida pelo apelido de “lobimoça” desde a infância, após um episódio misterioso, ela deseja abandonar Guarambá e fugir do conservadorismo local. A amizade entre as duas nasce da sensação compartilhada de não caberem nos lugares onde vivem, e o vínculo se torna uma das chaves para o desenvolvimento da trama.
O universo da série ganha novas camadas com a chegada dos vampiros centenários Michel (Pedro Alves) e Celina (Laura Dutra), que se infiltram no Instituto de Biologia de Guarambá fingindo serem estudantes. O objetivo da dupla é colher material genético de Luna para experimentos que possam garantir a sobrevivência do clã diante da luz solar. Ligados à poderosa Elizabeta (Alli Willow), líder dos vampiros e também da empresa VPTech, financiadora das pesquisas científicas da região, Michel e Celina usam a ciência como fachada para seus planos sombrios. O enredo, no entanto, toma rumos inesperados quando Michel, que sempre tratou Luna como alvo de manipulação, se vê envolvido emocionalmente com ela. “Ele passou séculos sem se apaixonar, mas com ela redescobre a humanidade e a magia dos sentimentos”, adianta Pedro Alves. Laura Dutra, por sua vez, descreve Celina como alguém incapaz de enxergar Luna além de um objeto de estudo, revelando o embate entre afeto e exploração que atravessa a história.
Mais do que um enredo de fantasia, “Vermelho Sangue” reflete sobre temas atuais e universais. As criadoras e autoras Claudia Sardinha e Rosane Svartman destacam que a obra discute questões como autoaceitação, ética científica e a exploração da biodiversidade brasileira por interesses externos. Para Rosane, os monstros sempre foram metáforas das angústias de cada época. “Com essa série não é diferente, mas aqui quisemos colocar no centro uma figura feminina e brasileira: a lobimoça-guará”, ressalta. Claudia complementa: “Falamos sobre os limites da ciência e sobre até onde a interferência humana pode ir. Também tratamos da questão da diversidade, da autoaceitação e do peso de ser a primeira mulher nesse ambiente de monstros, geralmente dominado por figuras masculinas”.
A presença do lobo-guará, maior canídeo da América do Sul e símbolo do Cerrado, é um dos elementos que reforçam a identidade nacional da produção. Diferente das releituras clássicas do lobisomem de origem europeia, a criatura em “Vermelho Sangue” nasce da fauna brasileira e da cultura popular local, enraizando-se no cerrado mineiro, um dos biomas mais ameaçados do país, e conectando fantasia à realidade.
A série é dirigida artisticamente por Patricia Pedrosa, com produção de Erika da Matta e Lucas Zardo, e direção de gênero de José Luiz Villamarim. Antes mesmo da estreia, o Globoplay já confirmou a produção de uma segunda temporada, prevista para 2026, que promete aprofundar os dilemas de Luna, Flora, Michel e Celina, revelando os custos de suas escolhas e ampliando os mistérios em Guarambá.